sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Caçadores de emoção, a essência não reproduzida


Estava eu relutante em assistir ao remake de Caçadores de Emoção, o filme originalmente gravado em 1991 e que tinha como protagonistas Keanu Reeves e Patrick Swayze, mas, agora, em "vacation", em mais uma oportunidade de convivência com o mar, resolvi ver, pois poderia ser preconceito meu evitar assistir ao remake do filme que foi uma de minhas influências em vida.
Mas, não era preconceito, o filme não representa o que foi o original.
Quem pega, ou já pegou onda, certamente entende a vibe do primeiro filme. Um grupo de brothers, daqueles de sangue e coragem, aceita um novo integrante, no caso Utah, em seu convívio.
Esse grupo de brothers sabe viver a vida, compartilham momentos de alegrias, tristezas e emoções. Exercem o mais alto grau de brodagi possível.
E, para mim, essa é  a tônica maior do filme, o "way of life".
O roteiro é foda, pois, confronta a opção entre o certo e o errado com a responsabilidade de uma profissão e o valor da amizade.
Os esportes radicais, o surfe, a onda perfeita, servem de pano de fundo para esse confronto.
O filme é foda e acaba por prevalecer a brodagi, a permissão para a realização de um sonho, em deixar que seu parceiro alcance o sonho que teve durante a vida toda.
Mas, o remake, nitidamente com melhor fotografia e exploração dos esportes radicais, pecou exatamente nisso. Não transmite o valor da amizade existente entre irmãos de surfe, não demonstra a fidelidade existente entre as pessoas que possuem o mesmo sonho, a adrenalina injetada na veia através de uma injeção da mão natureza, traduzida em ondas perfeitas e gigantes.
O filme tem como enredo o "pano de fundo" do primeiro filme. Não explora as relações humanas a fundo, não comove pela opção que tem que ser feita pelo Utah.

O filme foi praticamente um vazio existencial se comparado ao primeiro.
Para quem me conhece, sabe que sou músico, e, a diferença existente entre o "feeling" de um guitarrista com a "técnica" é exatamente o ponto que distingue os dois filmes: o remake não tem o feeling do primeiro, apenas "a técnica".
Cheguei a ver por aí que o remake "copia" o enredo de "velozes e furiosos", ahhhhhhhhhh.
Isso me dói o peito. Crianças. Sim, apenas crianças que não viveram no início dos anos 90 que podem falar uma aberração dessa, e que podem idolatrar o excelente "velozes".
Na verdade, "Velozes e furiosos" foi uma nova roupagem para "Caçadores de Emoção", uma roupagem criativa, adequada, moderna e que trouxe em si o "feeling" do filme de 1991.
Para mim, "Point Break" é um filme que tem que ser guardado à sete chaves, posto em um santuário onde só quem viveu situações similares que conseguem entender.
Eu surfo, joguei muito futebol americano na praia, etc, mas  - como disse antes - essa é apenas a roupagem que concretiza a brodagem existencial de um grupo de amigos.
Fato que só presenciei no skate e no surf, quem é, entende.
A vibe do primeiro filme JAMAIS poderá ser reproduzida. JAMAIS.

Aurelio Mendes - @amon78

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O rock cada vez mais em luto

Hoje o dia amanheceu nublado em SP, apenas nublado. No mundo, o dia amanheceu chorando, com dor imensurável. Poucos dias após a morte de Lemmy Kilmister, baixista, líder e vocal do Motörhead, o câncer nos leva David Bowie.

Quando pensamos que o rock é imortal, vem a vida e nos prova que ninguém vive mais do que ela deseja.

De fato é muito difícil expor o sentimento nesse momento. Pois, não só dois ídolos se foram, mas dois ícones da cultura mundial.
As palavras me fogem, se esvaem, desaparecem como se fossem códigos indecifráveis e incompreendidos.
Triste. Triste.
Enquanto o homem mata a música com estilos pobres de conteúdo, videm o "miami bass" (erroneamente chamado no Brasil de Funk), nossos verdadeiros artistas falecem.
Fim de 2.015 e início de 2.016, época que jamais será esquecida.

Aurelio Mendes - @amon78

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O prazer maior para um pai

Sempre que escrevo algum texto aqui, não tenho certeza de que alguém lerá, se alguma pessoa investirá alguns minutos da sua vida para ler e entender o que penso ou sinto. Mas, escrevo assim mesmo, porque gosto. Por vezes é um desabafo, outras extravaso.
Para nós, pais, ver o filho evoluir é algo único, mágico. Os pequenos nascem, crescem, sorriem, riem, choram, fazem mimos, tudo isso faz parte. O tempo passa de um modo que não percebemos e, se não tomarmos cuidado, nem mesmo iremos vê-los crescer.
Eles engatinham, andam, correm tudo como em um passe de mágica, logo em seguida proferem suas primeiras palavras, expressam suas vontades próprias (que bom que fossem algumas das nossas) e, porque não, seus sentimentos.
Claro que não podemos fazer com que eles sejam reflexos de nós mesmos, temos que lhes dar caráter, atenção, carinho e ensinar os tortuosos caminhos da vida para que sigam em frente.
Sempre.
E sempre.
Mas, algo fenomenal me ocorreu. Para quem me conhece sabe que tenho uma paixão umbilical com esportes de pranchas. Surf e skate foram paixões à primeira vista. Até hoje me lembro do meu pedido para que meus pais me comprassem uma prancha de surf. A loja era da 775, ficava na Rua Altinópolis como um anexo à um lava rápido. Tinha aproximadamente 10 anos.
Nunca me esquecerei.
Fui até o local, mas meus pais pensavam que eu era muito jovem ainda. me prometeram uma prancha nova um pouco mais adiante na trilha da vida.
Meu primeiro skate também me lembro como hoje: shape preto, uma caveira desenhada, não tinha rolamento, mas bilhas, rodinhas amarelas e laranjas, com protetor de shape, biqueira, protetor de tail, shape tubarão. "Brinquei" muito com aquele carrinho.
Que doideira. Também ganhei um carrinho de rolimã, SENSACIONAL,
Mas, o fato é que, passadas mais de 3 décadas, começo a perceber que meus gostos permanecem os mesmos, e que eles não necessariamente serão direcionados ou impostos ao filhão.
Mas, para minha surpresa e alegria, presenciei HOJE algo fantástico. Sabia que ele, meu filho, anda meio que admirando o skate. Ele pode ver o esporte nos desenhos animados que assiste e, também, mesmo que eu pense que ele não está prestando atenção, nos documentários e programas dos canais OFF e WOO HOO. Tinha ciência disso tudo.
Mas, hoje meu pequeno pediu um skate. Com apenas dois anos de idade, viu um na vitrine, skate off road, motorizado, e disse:
"- Pá, skate. Qué"
PQP.
Fantástico,
Ele vai se apaixonar pelo esporte.
Espero poder ver ele dar as primeiras manobras. Se ele vai andar de half, street, downhill, ser overall, não sei, não importa.
Ele gostar do carrinho, já me faz feliz.
Poderei continuar vendo os canais retrocitados, educando-o. (risos)
Na minha época era difícil ter acesso a esse tipo de material. Desde o álbum de figurinha "Overal Skate Stamps" até os videos da 411, os quais reservava na loja o Marquinhos (Central Surf) para pegar depois, pois poucos eram importados, tudo era difícil, precisava ser batalhado. Hoje a internet e a TV à cabo irá abrir mais o mundo para o filhão.
Espero que ele veja que a felicidade decorre de pouco: de brodagem, um pedaço de madeira e quatro rodinhas.
Não tenho palavras.
Aurelio Mendes - amon78

sexta-feira, 15 de maio de 2015

BB King, a música em luto

BB King se foi.
Essa com certeza é uma das notícias mais tristes que o mundo recebeu.
Não apenas os fãs, músicos, guitarristas e bluesman estão de luto, a música pereceu. 
Poucos no mundo dominavam o instrumento originalmente de 6 cordas como King. Através dele, o músico demonstrava todo seu sentimento, emoção, vida e pensamentos, se uma figura vale mais do que mil palavras, uma música de King valia por todas as figuras. 
É uma gigante perda para a cultura mundial. 
Nesse momento no qual procuro palavras para dizer o que sinto, não as encontro. Pois, são "só palavras".
Se o homem morreu, sua alma está eternizada em cada música, em cada improviso e criação nas pentatônicas, tão bem executadas. 
Triste é a palavra que resume. 
#RIPKing


quarta-feira, 29 de abril de 2015

Skate com “S” de Senna

Era para ser a manhã de um dia qualquer, de um campeonato qualquer, de um rolê qualquer, de um rala qualquer. Mas a vida nos prega infortúnios que não dá para explicar.
1º de maio de 1.994, me levanto com uma única coisa em mente: o campeonato de downhill slide que ocorreria na Avenida Gustavo Adolfo, ladeira que não chega a ser como a denominada “ladeira da morte”, mas que era pura emoção e diversão. A subprefeitura do Tucuruvi permitia que a avenida fosse fechada, carros, ônibus e motos tinham que transitar pelos arredores, fugindo da avenida que seria a via dos “lokos”. Boné “Style” na cabeça, camiseta da “Urgh” e uma calça de flanela quadriculada azul e uma camisa também xadrez na cintura. Assim era a vestimenta. Além, óbvio do tênis Alva colado com “silver tape” e uma carteira com duas correntes no bolso, de modo que as pontas dessas ficassem presas ao passa cinto.
Moleque, diversão, carrinho.
'Pus me à rua”, remando, remando, remando. Um “ollie air” (ollizinho) básico aqui, outro acolá. Uns flips até que já saiam e, as inevitáveis, manobras de giro.
O sol brilhava, o dia seria promissor. Infelizmente o foco não me deixava lembrar que era dia de fórmula 1, o último de uma corrida com pilotos de verdade.
1994, ano no qual Sérvios, Croatas e Muçulmanos matavam-se uns aos outros na despedaçada Iugoslávia, Ruanda vivia uma guerra não tão menos sangrenta, Onetti, romancista das sombras da alma falecia, Mandela era votado pelos Sul Africanos, a editora Progresso de Moscou que antes difundia as obras de Marx e de Lênin, passava a publicar as Seleções do “Reader`s Digest”, e – lamentavelmente – um dos maiores atletas do século sucumbiria com o testemunho de um Mundo atônico, áfono, taciturno, choroso, quase depressivo.
O Skate estava em alta, fazia pouco tempo que o shape havia evoluído, com um “Tail” e “nose” inclinados, de modo a proporcionar manobras nas duas bases, invertidas ou não. As rodinhas da época eram torneadas, pequenas, quase minúsculas, quanto menor a distância entre os diâmetros da roda e do rolamento, era melhor.
O saudoso Indião estava presente, Yuppie também. Pessoal da Tribo Skate estavam em seus lugares, prontos para registrar o evento.
A festa era plena, “lokos” varridos desciam a avenida no gás, girando como se fossem piões, como se fossem a força centípeda existente no mundo, “velô” total.
Não me lembro quem descia a ladeira no momento, mas recordo-me perfeitamente do local onde estava, no meio da avenida, havia superado a Rua da Grota, quando o locutor silenciou-se por um instante. A microfonia surgiu no lugar da voz alegre e empolgada de seu possuidor.
Ato contínuo, a tristeza tomou o ar, sem que qualquer palavra fosse dita, qualquer sílaba pronunciada, o ar parou, o vento, a vida por um instante deixou de existir, as cores se apagaram, tudo ficou cinza e negro. TODOS os sorrisos deram espaço para rostos aflitos e tristes.
O fato chegou antes do que a notícia.
Com o microfone nas mãos, o locutor pronuncia uma das frases mais tristes que presenciei: “Ayrton Senna morreu. A Tomborelo lhe retirou a vida.”
Era o fim.
As rodinhas não mais giravam. O asfalto não tinha contra si, o poliuretano, o som do “carrinho” não mais tinha sentido. Skatistas no chão, não por causa de uma queda, mas porque as pernas não tinham mais firmeza para  aguentar um corpo com coração estacionado.
A tristeza era geral.
“Brow, que foda. O herói sucumbiu.”.
O Mito de verdade estava nos deixando. Adquirira asas e iria voar ainda mais alto, na velocidade que nenhum outro homem poderia correr. Que “Schummy” não poderia alcançar, nem mesmo com suas ajudas e trapaças. Ninguém agora poderia negar, Senna não era um homem, sempre foi um anjo entre nós. Aguerrido, soldado do bem, da paz e da motivação.
A terra ficou mais negra, o Skate mais triste, menos radical. Não haviam mais forças para seguir em frente. A remada se tornou algo intangível.
A lágrima caia sobre a lixa.
A tristeza foi total, não sendo dissipada nem mesmo com o “Olê, olê, olê, olê, Senna, Senna”.
Nesse dia a bandeira brasileira deixou de ter 4 cores. Ficará incolor.
Já se passaram mais do que duas décadas e não há no mundo um herói como Senna.
Senna, o verdadeiro Mito.
Senna, o verdadeiro herói.

Senna, o imortal.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Loiras vs Morenas

Fenômeno social brasileiro marcante é a "preferência" pela "loirice" (me desculpem pelo termo).
O Brasileiro tem mania de achar que as loiras e loiros são pessoas mais bonitas, mais atraentes, etc. 
O gosto tornou "moda", "opção de vida", arriscaria dizer que até mesmo "forma de expressão". 
Mas, isso é algo que lamento. 
É bem verdade que a "loirice" é algo realmente bacana, não nego isso. Há loiras formosas, lindas, maravilhosas, perfeitas. Basta eu entrar nas minhas redes sociais para ver algum tweet ou postagem no face feita por alguma loira magnífica. 
Mas, são nessas mesmas redes que testemunho mulheres lindas alterarem a cor dos cabelos, seja por tingimento, por reflexos, por ambos, etc.
Para ser sincero, já tive a intimidade para falar para algumas, não acho que loiras, ficam mais belas do que morenas. Cada mulher tem sua beleza própria, seja loira, morena, ruiva, magra, gorda, alta, baixa. Não vou aqui tecer aquele velho discurso de que a "beleza interior é o que vale", pois nem sempre é assim. Também não há como negar que a aparência é fator relevante para o ser humano. 
Não há como negar que um belo rosto nos chama a atenção quase que de forma imediata, mas de outro lado, os valores internos (inteligência, bom humor, sagacidade, charme) também têm suas importâncias, deve-se buscar sempre um equilíbrio entre o externo e o interno.
Mas, esse não é o cerne da questão desse texto. 
Apenas, entendo que é preciso que as mulheres sejam elas mesmas, pouco importando a cor do cabelo, pois a autenticidade é tudo. Se cuidar, arrumar, tratar em centros de beleza é importante. Muito.
Mas não se pode viver escravo do que a sociedade diz que é bonito ou não. E isso vem ocorrendo cá e acolá. 

As morenas que aproveitem suas "morenices", as loiras suas "loirices", assim por diante.
Para provar que nem sempre as loiras são mais belas, posto quatro fotos de duas mulheres maravilhosas,  em duas versões cada.
Para mim, as duas ficaram muito mais bonitas e sexys em suas versões morenas. E vocês o que acham?


























"Post Scriptum": Para completar a comparação, seguem fotos da Hope Solo:









quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Lombo a Lá Amon

Inventei essa receita no momento do preparo.
Ela consiste em lombo grelhado, com champignon, ao molho de laranja com cenoura, sal rosa e para acompanhar purê de abóbora e arroz.
O vinho foi o Pinta Negra que, apesar de tinto, caiu como uma luva, pois a harmonização com o prato foi perfeita.
O som do preparo foi Steve Vai...